terça-feira, 9 de dezembro de 2014

COTIDIANO



A arma do policial estava apontada diretamente para o seu rosto, deixando-o desesperado. Não sabia o que fazer. Mas, em seu intimo, sentia que aqueles seriam seus últimos minutos de vida.
Não fizera nada demais. Em toda a sua vida, nunca fizera nada de errado, nunca cometera um crime sequer. Sempre fora um rapaz trabalhador e honesto.
Mas, infelizmente, estava no lugar errado e na hora errada.
O policial olhou-o fixamente nos olhos. Frio, não demonstrava qualquer emoção.
“O tiro é questão de tempo”, pensou. Com medo, fechou os olhos. Não queria morrer. Não naquele momento. Não daquela maneira. Como um marginal qualquer. Mas sentiu que a hora havia chegado. E que não havia mais nada para fazer a não ser aceitar o que estava por vir.
Seria morto. Morto injustamente.
Tudo porque quisera ajudar. Mas, foi mal compreendido, mal interpretado.
Sua compleição física, e o preconceito, o prejudicara. Era negro. A cor da sua pele fora o fator determinante para o que estava para acontecer.
Desesperado, tentou falar com o policial, mas sem sucesso.
- Senhor eu... – queria defender-se, justificar-se, explicar o que acontecera, mas, foi bruscamente interrompido.
- Cala a boca, bandido filho da puta! – gritou o policial.
- Mas...
Não conseguiu terminar a frase, foi interrompido por um tiro que o acertou no peito, fazendo-o cair no chão. A dor era insuportável. Levando a mão contra o ferimento sentiu o sangue quente escorrer por entre os dedos, deixando seu corpo fraco, sem forças. Começou a sentir dificuldades para respirar. Sua visão, aos poucos foi escurecendo. Sentia que sua vida estava, aos poucos, se esvaecendo. Sentia que aqueles eram seus últimos segundos de vida. A morte era iminente.
O policial se aproximou dele, ainda apontava-lhe a arma. Então, com as poucas forças que lhe restavam, esticou o braço bem devagar, entregando ao policial, uma carteira.
- Aqui está... - as palavras saíam com dificuldade -... A sua carteira... Senhor...  Ela... Ela estava caída no chão.
Dizendo isso, fechou os olhos. Sua vida se fora.
E ele morreu ali, como se fosse um marginal.
Ao perceber a injustiça que acabara de cometer o policial ficou desesperado. Fora de si. De repente, percebeu que o preconceito foi o que o fizera cometer aquela atrocidade. Ele matara uma pessoa. Uma pessoa inocente. Deixou-se levar pela cor da pele. Deixou-se levar pelo pré-conceito dominante.

Então se debruçando sobre o corpo sem vida do rapaz, chorou. Não dava mais para voltar atrás. Naquele momento havia um corpo sem vida, e duas almas mortas.  

Marc Souza

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