segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Globo de Ouro 2016: 'O regresso' é o grande vencedor da premiação

Do G1, em São Paulo
Alejandro González Iñárritu e Leonardo DiCaprio com os 3 prêmios do Globo de Ouro por 'O regresso' (Foto:  REUTERS/Lucy Nicholson)Alejandro González Iñárritu e Leonardo DiCaprio com os 3 prêmios do Globo de Ouro por 'O regresso' (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
O Globo de Ouro fez valer sua tradição de premiação que foge do comum neste domingo (10). Entre um início cheio de surpresas e um final que seguiu mais os favoritos, o evento da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood escolheu “O regresso” como o grande campeão da noite nos cinemas e “Mr. Robot” e “Mozart in the jungle” como as séries do ano.
"O regresso" foi o longa com o maior número de troféus, escolhido nas categorias de melhor diretor (Alejandro G. Inárritu), melhor ator (Leonardo DiCaprio) e melhor filme dramático.
"Perdido em Marte" conseguiu duas vitórias nas categorias principais, mas não concorreu diretamente com os maiores favoritos. O longa de Ridley Scott levou os prêmios de melhor ator (Matt Damon) e melhor filme de comédia ou musical (o próprio cineasta estranhou a categorização ao subir ao palco -- "Comédia?").
"Steve Jobs" também levou dois Globos de Ouro. A história do criador da Apple foi escolhida como melhor roteiro, e a atuação de Kate Winslet lembrada como melhor atriz coadjuvante.
"O quarto de Jack" e "Joy: o nome do sucesso" ganharam seus prêmios na força de suas protagonistas. Brie Larson, estrela da história sobre uma mãe que cria o filho em um cativeiro após ser sequestrada, foi escolhida melhor atriz em filme dramático. Já Jennifer Lawrence ganhou seu terceiro Globo de Ouro, desta vez como melhor atriz em filme de comédia ou musical.
Sylvester Stallone ganhou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Sylvester Stallone ganhou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Um dos grandes momentos da noite foi a vitória de Sylvester Stallone na categoria de melhor ator coadjuvante em um longa metragem por sua participação em "Creed: nascido para lutar". O ator recebeu uma ovação de pé dos convidados da premiação.
Entre os esquecidos o mais notável é o caso de "Carol". Com cinco indicações, o filme estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara (duas favoritas na categoria de melhor atriz dramática) ficou sem troféus. "Spotlight - segredos revelados", indicado em três categorias, também não foi lembrado.
A cerimônia da 73ª edição do Globo de Ouro é uma das principais premiações de Hollywood anteriores ao Oscar. Na próxima terça-feira (12) conheceremos os indicados ao prêmio do Sindicato dos Diretores e, na quinta-feira (14), ficaremos sabendo quem concorre ao prêmio da Academia.
'Mr. Robot' ganha o Globo de Ouro de melhor série de drama (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)'Mr. Robot' ganha o Globo de Ouro de melhor série de drama (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Telinha
Entre as séries indicadas, as grandes vencedoras da noite foram "Mr. Robot", ganhadora nas categorias de melhor série dramática e de melhor ator coadjuvante (Chris Slater), e "Mozart in the jungle", escolhida como melhor série de comédia ou musical e melhor ator em série de comédia ou musical (Gael García Bernal).
Jon Hamm acabou confirmando a previsão de Wagner Moura no tapete vermelho e recebeu o Globo de Ouro de melhor ator em série dramática por sua atuação como Don Draper na temporada final de "Mad Man".
Com isso, o ator brasileiro não ganhou um troféu, mas antes da premiação já havia afirmado que estar ali "já é bom demais". Veja entrevista com o ator.
Nas categorias de atuação feminina, quatro surpresas. Taraji P. Henson ganhou como melhor atriz em série dramática por sua performance em "Empire". Em comédia, a escolhida foi Rachel Bloom, da série estreante "Crazy ex-girlfriend". Entre minisséries ou filmes feitos para TV, a cantora Lady Gaga foi a melhor atriz por sua participação em "American horror story". Fechando a quadra de azarões, Maura Tierney, de "The affair", foi a melhor atriz coadjuvante.
A premiação deste ano ficou marcada como a primeira vez que o Netflix superou a HBO em número de indicações -- oito contra sete. Também foi a primeira vez que o canal de TV por assinatura não é o mais indicado desde o ano 2000.
Mesmo assim, o serviço de streaming de vídeos não recebeu um troféu sequer, superado por um concorrente direto. A Amazon, que apresenta há menos tempo produções próprias, levou dois prêmios na noite (ambos por "Mozart in the jungle").
Gael García Bernal, Bernadette Peters e Lola Kirke recebem o Globo de Ouro de melhor série de comédia ou musical por 'Mozart in the jungle' (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Gael García Bernal, Bernadette Peters e Lola Kirke recebem o Globo de Ouro de melhor série de comédia ou musical por 'Mozart in the jungle' (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Veja os vencedores (marcados em negrito) do Globo de Ouro 2016:
Melhor filme de drama
"Carol"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"O quarto de Jack"
"Spotlight"
Melhor ator de drama
Bryan Cranston ("Trumbo")
Leonardo DiCaprio ("O regresso")
Michael Fassbender ("Steve Jobs")
Eddie Redmayne ("A garota dinamarquesa")
Will Smith ("Concussion")
Melhor atriz de drama
Cate Blanchett ("Carol")
Brie Larson ("O quarto de Jack")
Rooney Mara ("Carol")
Saoirse Ronan ("Brooklyn")
Alicia Vikander ("A garota dinamarquesa")
Brie Larson ganha o Globo de Ouro de melhor atriz de drama (Foto:  REUTERS/Lucy Nicholson)Brie Larson ganha o Globo de Ouro de melhor atriz de drama (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor filme de comédia ou musical
"A grande aposta"
"Joy: O nome do sucesso"
"Perdido em Marte"
"A espiã que sabia de menos"
"Descompensada"
Melhor atriz de comédia ou musical
Jennifer Lawrence ("Joy: O nome do sucesso")
Melissa McCarthy ("A espiã que sabia de menos")
Amy Schumer ("Descompensada")
Maggie Smith ("A senhora da van")
Lily Tomlin ("Grandma")
Melhor atriz em série dramática
Caitriona Balfe ("Outlander")
Viola Davis ("How to get away with muder")
Eva Green ("Penny Dreadful")
Taraji P. Henson ("Empire")
Robin Wright ("House of cards")
Melhor diretor
Todd Haynes ("Carol")
Alejandro G.Iñarritu ("O regresso")
Tom McCarthy ("Spotlight")
George Miller ("Mad Max: A estrada da fúria")
Ridley Scott ("Perdido em Marte")
Melhor série de drama
"Empire"
"Game of thrones"
"Mr. robot"
"Narcos"
"Outlander"
Melhor canção
"Love me like you do" ("Cinquenta tons de cinza")
"One kind of love" ("Love & Mercy")
"See you again" ("Velozes e Furiosos 7")
"Simple song #3" ("Youth")
"Writing on the wall" ("007 contra Spectre")
Sam Smith (à direita) e Jimmy Napes recebem o Globo de Ouro de melhor canção por 'Writing's on the Wall', do filme '007 contra Spectre' (Foto:  REUTERS/Lucy Nicholson)Sam Smith (à direita) e Jimmy Napes recebem o Globo de Ouro de melhor canção por 'Writing's on the Wall', do filme '007 contra Spectre' (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)

Melhor atriz em minissérie ou filme para a TV
Kirsten Dunst ("Fargo")
Lady Gaga ("American horror story: Hotel")
Sarah Hay ("Flesh & Bone")
Felicity Huffman ("American crime")
Queen Latifah ("Bessie")
Melhor filme estrangeiro
"O novíssimo testamento"
"O clube"
"O esgrimista"
"Cinco graças"
"O filho de Saul"
Melhor ator em série de comédia ou musical
Aziz Ansari ("Master of none")
Gael García Bernal ("Mozart in the jungle")
Rob Lowe ("The grinder")
Patrick Stewart ("Blunt talk")
Jeffrey Tambor ("Transparent")
Gael García Bernal ganha o Globo de Ouro de melhor ator de série de comédia ou musical (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Gael García Bernal ganha o Globo de Ouro de melhor ator de série de comédia ou musical (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor roteiro
"O quarto de Jack"
"Spotlight"
"A grande aposta"
"Steve Jobs"
"Os 8 odiados"
Melhor ator coadjuvante
Paul Dano ("Love & Mercy")
Idris Elba ("Beasts of no nation")
Mark Rylance ("Ponte dos espiões")
Michael Shannon ("99 Homes")
Sylverster Stallone ("Creed")
Melhor animação
"Anomalisa"
"O bom dinossauro"
"Divertida mente"
"Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o filme"
"Shaun, o carneiro"
Melhor ator de comédia ou musical
Christian Bale ("A grande aposta")
Steve Carell ("A grande aposta")
Matt Damon ("Perdido em marte")
Al Pacino ("Não olhe para trás")
Mark Ruffalo ("Sentimentos que curam")
Matt Damon ganha o Globo de Ouro de melhor ator de comédia ou musical (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Matt Damon ganha o Globo de Ouro de melhor ator de comédia ou musical (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor ator em série dramática
Wagner Moura ("Narcos")
Jon Hamm ("Mad men")
Rami Malek ("Mr. robot")
Bob Odenkirk ("Better call Saul")
Liev Schreiber ("Ray Donovan")
Jon Hamm ganha o Globo de Ouro de melhor ator de série dramática (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Jon Hamm ganha o Globo de Ouro de melhor ator de série dramática (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor trilha sonora
Carter Burwell ("Carol")
Alexandre Desplat ("A garota dinamarquesa")
Ennio Morricone ("Os 8 odiados")
Daniel Pemberton ("Steve Jobs")
"Ryuichi Sakamoto e Alva Noto ("O regresso")
Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou filme para a TV
Alan Cumming ("The good wife")
Damian Lewis ("Wolf hall")
Ben Mendelsohn ("Bloodline")
Tobias Menzies ("Outlander")
Christian Slater ("Mr. robot")
Melhor ator minissérie ou filme para a TV
Idris Elba ("Luther")
Oscar Isaac ("Show me a hero")
David Oyelowo ("Nightingale")
Mark Rylance ("Wolf hall")
Patrick Wilson ("Fargo")
Oscar Isaac ganha o Globo de Ouro de melhor ator de minissérie (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Oscar Isaac ganha o Globo de Ouro de melhor ator de minissérie (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor minissérie ou filme para TV
"American crime"
"American horror story: Hotel"
"Fargo"
"Flesh & Bone"
"Wolf hall"
Melhor série de comédia ou musical
"Mozart in the jungle"
"Orange is the new black"
"Silicon Valley"
"Transparent"
"Veep"
"Casual"
Melhor atriz em série de comédia ou musical
Rachel Bloom ("Crazy ex-girlfriend")
Jamie Lee Curtis ("Scream queens")
Julia Louis-Dreyfus ("Veep")
Gina Rodriguez ("Jane the virgin")
Lily Tomlin ("Grace and Frankie")
Maura Tierny vence o Globo de Ouro de melhor atriz de série dramática (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)Maura Tierny vence o Globo de Ouro de melhor atriz de série dramática (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)
Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para a TV
Uzo Aduba ("Orange is the new black")
Joanne Froggatt ("Downton Abbey")
Regina King ("American crime")
Maura Tierney ("The affair")
Judith Light ("Transparent")
Melhor atriz coadjuvante
Jane Fonda ("Youth")
Jennifer Jason Leigh ("Os 8 odiados")
Helen Mirren ("Trumbo")
Alicia Vikander ("Ex machina: Instinto artificial")
Kate Winslet ("Steve Jobs")
Kate Winslet ganha o Globo de Ouro  de melhor atriz coadjuvante por 'Steve Jobs' (Foto:  REUTERS/Lucy Nicholson)Kate Winslet ganha o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante por 'Steve Jobs' (Foto: REUTERS/Lucy Nicholson)

Morre, aos 69 anos, o cantor David Bowie após luta contra câncer

O cantor David Bowie, um dos mais versáteis e inovadores nomes do rock e do pop desde os anos 1970 e autor de clássicos como "Starman" e "Space Oddity", morreu no domingo (10), aos 69 anos, após lutar 18 meses contra um câncer. Reservado com sua vida pessoal, a doença do artista só veio a público agora.
"David Bowie morreu hoje, pacificamente, cercado por sua família após uma luta corajosa de 18 meses contra o câncer. Ainda que muitos de vocês compartilhem nossa dor, pedimos que respeitem a privacidade da família neste período de luto", informou um comunicado divulgado por volta das 5h desta segunda-feira (11) na página oficial do cantor no Facebook.
Filho de Bowie, o cineasta Duncan Jones também se pronunciou em sua página no Twitter. "Muito triste em dizer que é verdade. Ficarei offline por um tempo. Amor para todos".
A morte de Bowie acontece apenas dois dias após o lançamento de seu mais recente álbum, "Blackstar", divulgado na última sexta-feira, quando também comemorou seu aniversário de 69 anos.
Durante anos houve nos círculos musicais rumores sobre a saúde do cantor, que fazia poucas aparições públicas. Bowie se manteve longe dos holofotes desde que passou por uma cirurgia cardíaca de emergência, em 2004, quando durante um show no Hurricane Festival, na Alemanha, encurtou o setlist ao sentir dores no peito. Do palco ele foi direto para o hospital, fazendo-o cancelar o resto da turnê do disco "Reality", e desaparecendo lentamente do olho público.
Desde 2004, ele realizou poucos shows, fez uma participação no show de David Gilmour em 2006, outra em um programa de TV com a banda canadense Arcade Fire. Seu último show havia sido uma atuação com fins beneficentes em Nova York em 2006.
"Camaleão"
Nascido David Robert Jones no bairro londrino de Brixton em 1947, Bowie aprendeu a tocar saxofone aos 13 anos. Conhecido por fãs e críticos como "o camaleão" da música pop, ele começou a tocar em bandas em 1962, aos 15 anos, mas só chegou ao estrelato em 1969, com "Space Oddity", seu primeiro grande hit. O sobrenome artístico Bowie surgiu para evitar confusões com Davy Jones, do grupo The Monkees, que começou a fazer sucesso em 1966. 
Logo depois, Bowie adotou um visual andrógino para se apresentar como o alter ego Ziggy Startdust, um extraterrestre bissexual que virou estrela do rock. Foi esse personagem que mostrou duas das obsessões do cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica. Mas Ziggy foi apenas uma das variadas personalidades que Bowie adotou ao longo de sua carreira, como Aladdin Sane e o Duque Blanco.
Em 1975, Bowie chegou ao seu primeiro êxito nos Estados Unidos com a música "Fame", que escreveu junto com John Lennon, assim como com seu disco "Young Americans". Em 1981, junto ao Queen, compôs "Under Pressure".
Em 50 anos de carreira, Bowie lançou 26 discos de estúdio e vendeu 136 milhões de álbuns no mundo todo. Ele se tornou um dos artistas mais respeitados da cena pop, explorando os mais diversos gêneros, desde o glam e hard rock ao punk, psicodelia e música eletrônica. Para o biógrafo David Buckley, "ele penetrou e modificou mais vidas do que qualquer outra figura comparável".
Provocador, enigmático e inovador, ele se destacou por suas múltiplas habilidades como ator, produtor fonográfico e arranjador, além de ser venerado também como ícone da moda. Formado em teatro de vanguarda e mímica, Bowie também usou seu poder de camaleão no cinema e fez papéis delirantes, inesquecíveis ou que passaram sem ninguém perceber.
De vampiro e rei dos duendes a Andy Warhol e Pôncio Pilatos, ele teve suas atuações elogiadas, tendo participado de filmes como "Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída" (1981), "Labirinto - A Magia do Tempo" (1986) e "Zoolander" (2001), além de ter sido dirigido por cineastas como Martin Scorsese em "A Última Tentação de Cristo" (1988) e Christopher Nolan em "O Grande Truque" (2006).
Em 2006, o cantor anunciou que tiraria um ano sabático. Após dez anos de silêncio, Bowie "ressuscitou" em 2013 com o lançamento de "The Next Day", disco produzido pelo veterano Tony Viscontti, seu homem de confiança. E um ano depois lançou ao mercado a antologia "Nothing Has Changed" para comemorar meio século de carreira. 
Em 2013, o Museu Victoria & Albert de Londres dedicou a Bowie uma exposição que foi uma das mais bem-sucedidas de sua história. A mostra veio logo em seguida a São Paulo e bateu recordes de público, com um total de 80.190 visitantes.
Na semana passada, Bowie lançou o clipe de "Lazarus", um inquietante vídeo de quatro minutos de duração em que aparece com os olhos vendados, levitando na cama de um hospital psiquiátrico. O tema é baseado em uma peça de teatro que estreou recentemente no circuito off-Broadway, em Nova York.
Com tom por vezes fantasmagórico, em seu novo disco Bowie canta nas entrelinhas sobre vida e morte, reminiscências e visões e o universo bélico e espiritual. Como de praxe nos últimos anos, o cantor não deu entrevistas, nem divulgou informações sobre as letras. Segundo o saxofonista Donny McCaaslin, que acompanhou Bowie na gravação do disco "Blackstar", a faixa de dez minutos que dá nome ao trabalho é uma referência ao Estado Islâmico.
O músico foi casado com Angie Bowie, mãe de seu filho Duncan, e vivia desde 1992 com a modelo somali Iman Abdulmajid, com quem teve a filha Alexandria Zahra "Lexi" Jones, de 16 anos.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Livro sobre romance entre judia e palestino causa polêmica em Israel

  • Gil Cohen/AFP Photo
    31.dez.2015 - A escritora israelense Dorit Rabinyan posa com seu romance "Uma Barreira Viva" em sua casa, em Tel Aviv
    31.dez.2015 - A escritora israelense Dorit Rabinyan posa com seu romance "Uma Barreira Viva" em sua casa, em Tel Aviv
A apaixonada relação de amor de uma mulher judia com um homem palestino, epicentro do romance "Uma Barreira Viva", da escritora Dorit Rabinyan, provocou polêmica em Israel após o Ministério da Educação do país tê-lo proibido por considerar que encoraja a "assimilação".

Liat, israelense, e Jilmi, palestino, são os dois heróis de uma história fictícia que abala os alicerces da identidade israelense, e que gerou uma onda de protesto pelas redes sociais contra o ministro da Educação, Naftali Bennett, líder do partido nacionalista religioso Lar Judaico.

"Comprei hoje vários livros. Acredito que é o livro que atualmente deve ser entregue aos alunos e alunas", escreveu em sua página do Facebook o chefe da oposição e líder trabalhista, Isaac Herzog, estimulando a população a comprá-lo.

Para Herzog, "o ato agressivo e desnecessário de censurar um livro baseando-se em uma interpretação linear de seu conteúdo é outro tijolo do muro do medo, da segregação e da cerração que está sendo erguido pelo governo (do primeiro-ministro israelense, Benjamín) Netanyahu".

Centenas de atores, publicitários, escritores e intelectuais em geral, assim como políticos e educadores, alçaram energicamente sua voz contra o boicote que o Ministério impôs ao romance de Dorit Rabinyan, escritora e roteirista de conhecida trajetória local.

"Gader Jayá" (em hebraico), publicado há um ano e meio, é a história de uma tradutora israelense e um artista palestino que se apaixonam em Nova York e que veem como seu amor resiste a apagar-se quando ambos devem retornar a Tel Aviv e Ramala, e enfrentar a crua realidade política da região.

Ganhadora de vários prêmios locais e muito mais produtiva em sua juventude que na idade adulta, Rabinyan tinha passado quase despercebida com seu último livro até que vários professores de literatura hebraica pediram ao ministério para inclui-lo na lista de recomendados para os níveis avançados do ensino médio.

Os membros da comissão acadêmica pertinente lhe deram o selo de apto, mas dois altos funcionários do ministério consideraram que era inadequado e ordenaram que o título fosse apagado da lista, para o que contaram com o apoio de Bennett.

Um dos argumentos deste organismo é que é preciso preservar "a identidade e a herança dos estudantes em cada coletivo social", ao mesmo tempo em que reforçava que as "relações íntimas entre judeus e não judeus ameaçam a separação de identidades", de acordo com o jornal "Haaretz".

Desde então as queixas e denúncias inundaram as redes sociais, com famosos comprando o livro e tirando fotos com ele.

"Minhas felicitações ao Ministério da Educação que conseguiu fazer de 'Uma Barreira Viva' um livro de leitura obrigatória", disse o prefeito da liberal Tel Aviv, Ron Huldai, que classificou o romance como "fascinante".

A principal biblioteca desta cidade pendurou um cartaz no qual anuncia a disponibilidade do livro sem pagamento algum, enquanto as principais livrarias faziam pedidos públicos à editora Am Oved para que lhes forneça mais exemplares, dada a demanda gerada pela polêmica.

Rabinyan, que entre 1995 e 1999 publicou com notável sucesso seus dois primeiros romances - traduzidos cada um a oito idiomas -, tem outro título entre os recomendados do Ministério da Educação, mas estava há 15 anos sem publicar e tudo o que tinha lançado desde então era um livro infantil.

À campanha de protesto se somaram escritores de renome internacional como A.B. Yehoshua ("Me sinto ultrajado"), Hayim Beer ("Daria a Bennett o título de membro honorário da Lehavá", uma organização de extrema-direita) e Natan Zach ("O ministro da Educação é tolo e com os tolos não há nada o que fazer").

No entanto, todos concordam com a autora sobre o fato de Bennett ter definitivamente dado um impulso comercial ao romance, agraciado este ano com um conhecido prêmio local de literatura.

"De repente me transformei em um assunto noticioso, (...) agora sou uma personalidade pública", disse a escritora, com ironia, ao serviço de notícias "Ynet".

Rabinyan comentou que seu romance não atenta contra a identidade judaica, mas unicamente "reflete a complexidade da sociedade israelense" e seus medos frente à assimilação.

"Acham que proibir o livro fará o problema desaparecer, mas o livro é só um espelho da sociedade. Sua grande força está precisamente na sensibilidade que demonstra", afirmou a escritora israelense de origem iraniana.

Sexto livro de "Game of Thrones" não sairá antes de nova temporada da série

  • Kevin Winter/AFP
    O escritor George R.R. Martin durante a San Diego Comic Con 2014
    O escritor George R.R. Martin durante a San Diego Comic Con 2014
George. R.R. Martin, o autor dos livros de "As Crônicas de Gelo e Fogo", que inspiraram a série de TV "Game of Thrones", revelou em seu blog que o sexto livro da saga não será publicado antes da estreia da sexta temporada da produção da HBO.
Em post publicado neste sábado (2) ele contou que "The Winds of Winter" não está pronto, e afirmou que está mais decepcionado do que os fãs.
"Você está decepcionado, e não está sozinho. Meus editores estão decepcionados, a HBO está decepcionada, meus agentes e editoras estrangeiras estão decepcionados... Mas ninguém possivelmente poderia estar mais decepcionado do que eu. Há meses que o que eu mais quero é poder dizer 'Eu terminei e entreguei The Winds of Winter antes do último dia de 2015'", escreveu Martin.
Segundo o autor, ele já escreveu centenas de páginas e dúzias de capítulos, mas ainda há muito para terminar, o que deve demorar alguns meses. Ou seja: o livro não chegará às livrarias antes da segunda metade de abril, quando a HBO começa a exibir a sexta temporada de "Game of Thrones".
Para que isso pudesse acontecer, Martin deveria ter entregado o manuscrito da obra até o fim de 2015, o que, segundo ele, não foi possível porque o processo de escrita não ocorreu como ele esperava.
Martin também afirmou que não se deu um novo prazo e que o livro "estará pronto quando ficar pronto".
Sobre os fãs preocupados que a série de TV tenha spoilers da trama de "The Winds of Winter", o autor disse que isso vai acontecer em alguns momentos, e que fica a critério dos leitores e espectadores escolher como lidar com essa situação, mas que as duas obras vão continuar a divergir em alguns pontos, como já aconteceu no passado.

Pelas mulheres, Manara e outros quadrinistas boicotam prêmio de Angoulême

Arte de Milo Manara.
Arte de Milo Manara.
Um dos principais eventos de quadrinhos do mundo, o Festival de Angoulême, cuja 43ª edição acontece entre os dias 18 e 31 de janeiro na cidade do oeste da França, está vendo diversos autores refutarem a indicação ao seu Grande Prêmio como uma forma de protesto por nenhuma mulher estar presente dentre os 30 nomes que compõem a relação de finalistas. Até o momento, ao menos dez profissionais já aderiram ao boicote proposto pelo grupo BD Égalité, que luta pela igualdade de gênero nas HQs.
Riad Sattouf.
Riad Sattouf.
O primeiro quadrinista a pedir que seu nome fosse retirado da lista foi o francês Riad Sattouf, autor de “O Árabe do Futuro” e ligado ao jornal Charlie Hebdo. “Descobri que estava na lista de nomeados no Grande Prêmio dos Festival de Angoulême deste ano. Isso me fez muito feliz! Mas acontece que esta lista inclui apenas homens. Isso me incomoda, porque há grandes artistas mulheres que mereciam estar lá. Peço, assim para ser retirado desta lista, mas na esperança de poder reintegrá-la quando ela for mais paritária”, escreveu em página do Facebook. Sattouf, que já foi premiado duas vezes em Angoulême, ainda citou as quadrinistas Rumiko Takahashi, Julie Doucet, Anouk Ricard, Catherine Rabelo e Marjane Satrapi como exemplo de mulheres que poderiam integrar a relação.
Outro que aderiu ao boicote e se manifestou publicamente por meio do Facebook foi o italiano Milo Manara, famoso no mundo inteiro justamente pelo seu talento para desenhar moças. “Tendo em conta a importância que as mulheres tiveram na minha vida artística e o fato de que eu sempre tentei ser respeitoso, acreditando que elas são o assunto, não o objeto do meu trabalho, quero retirar meu nome da lista de candidatos ao Grande Prêmio de Angoulême, que não indicou uma colega sequer como possível vencedora dessa importante premiação da nossa profissão”, protestou.
Segundo o jornal francês Le Monde, ao menos outros oito quadrinistas já aderiram ao protesto: Joann Sfar, Daniel Clowes, Etienne Davodeau, Christophe Blain, François Bourgeon, Pierra Christin, Charles Burns e Chris Ware.
Posicionando-se com relação ao assunto, Franck Bondoux, produtor executivo do Festival de Angoulême, declarou a veículos franceses que “infelizmente existem poucas mulheres na história dos quadrinhos. Essa é a realidade. Se você for ao Louvre, também encontrará poucas artistas. O festival ama mulheres, mas não pode reescrever a história”. Em seguida, um comunicado oficial no site do evento informou que novos nomes seriam acrescentados à lista de finalistas.
Até hoje, em 42 edições do Festival de Angoulême, apenas uma quadrinista ganhou seu Grande Prêmio: a francesa Florence Cestac, criadora do personagem Harry Mickson, vencedora do ano de 2000.